terça-feira, 20 de setembro de 2011

As Ondas Cerebrais


                                     AS FREQUÊNCIAS CEREBRAIS
                           NOSSO CÉREBRO E SUAS FREQUÊNCIAS


Milhões de pessoas gastam enormes quantias de dinheiro e tempo em programas de atividade física para estimular músculos e coração; ignoram outro órgão importante do corpo: O Cérebro.

Para conhecê-lo um pouco mais, vamos viajar por dentro dele. Tomar um trem e viajar por suas estações. Vamos passar por elas e dar pequenas paradas: 


Tronco encefálico, cerebelo e o cérebro propriamente dito.


Primeira parada no tronco encefálico. 
Ele está logo acima da coluna vertebral e foi a primeira parte do cérebro formada no útero. Foi um dos primeiros elementos do cérebro a evoluir. Há 280 milhões de anos, os primeiros animais a pisar na Terra, os répteis, tinham apenas o tronco encefálico. Por essa razão, uma lagartixa jamais será um animal de estimação... e a que está na sua parede jamais poderá amá-la. O tronco encefálico transfere informações dos sentidos e controla funções básicas como a respiração e as batidas do coração. 
O cerebelo, nossa segunda parada, fica logo atrás do tronco encefálico e ajuda o corpo a se mover. Possui a memória dos movimentos e governa a coordenação dos músculos. Por isso dançarinos e atletas têm o cerebelo muito bem desenvolvido. Movimentos pertencem à memória sinestésica.

O cérebro não existia há 80 milhões de anos quando nossos ancestrais de sangue quente, os mamíferos, passaram a habitar a Terra. Ele se parece com duas metades de nozes que, juntas, formam um esfera. É coberto por uma fina camada semelhante a um glacê . 
O cérebro que raciocina é o neocórtex. Quanto mais sulcos e fissuras uma espécie tem, mais inteligente ela é porque há mais espaço para o neocórtex. 
O sistema límbico está situado numa área do cérebro que é responsável pelas emoções e pela memória. O rejuvenescimento límbico produz grandes vantagens. Intensifica a memória e produz uma sensação de bem-estar. Em algumas pessoas aumenta uma habilidade cerebral chamada sinestesia. É basicamente a coordenação dos sentidos.

Uma entre 100 mil pessoas é capaz de ver sons e saborear cores. Todo conhecimento, toda memória que você possui existem como uma entidade física. São portanto vulneráveis aos maus tratos físicos. Parece estranho falar que pensamentos e memórias são entidades físicas, mas eles são.


 
Caso houvesse um super-microscópio seria possível apreciar pensamentos e memórias. Ver as estruturas bioquímicas, alterações nos códigos do DNA das células, e correntes bioelétricas de energia. Recentes avanços tecnológicos mostraram que , na verdade, usamos todas as áreas de nosso cérebro, só que não com toda a eficiência. O cérebro é apenas o corpo humano. Glândulas endócrinas , secretoras de hormônios, são elo principal entre corpo e mente. A mente é o software, o produto místico e misterioso de tudo o que somos. O cérebro é o hardware, um órgão físico que requer nutrição, descanso e uso. 

Plasticidade do Cérebro 

Até pouco tempo pesquisadores pensavam que o cérebro era essencialmente estático. Porém a tecnologia de ponta vem provando em contrário. Tomografia Computadorizada, Tomografia por Emissão de Pósitrons e Imagem de Ressonância Magnética, mostraram que, ao potencial único regenerativo do cérebro, suas áreas arruinadas podem ser trazidas de volta. 

O cérebro não armazena cada uma de suas memórias em células cerebrais distintas ou isoladas, ou seja, neurônios. Em vez disso , a memória está armazenada em redes de neurônios interligados. Se um morre, o cérebro pode restabelecer essa conexão, através de circuitos redundantes com outros neurônios.

A medida que envelhecemos nossas ramificações aumentam, como uma árvore do crescimento. As ramificações extras compensam a morte dos neurônios. Todas as células cerebrais têm ramificações chamadas dendritos. É através dessas conexões que os pensamentos viajam. Quanto mais conexões, melhor o cérebro funciona. Quando uma conexão deixa de existir ela pode ser substituída por outra.

As Freqüências Cerebrais

ONDAS CEREBRAIS 

FREQUÊNCIA (*CPS) 

NÍVEIS:

DELTA: de 0,5 a 4 CPS – Inconsciência

Consciência expandida
Cura e Recuperação
Sono


A pessoa está de olhos fechados, inconsciente e com todos os sentidos adormecidos. O corpo está apenas na sua função automática e a pessoa se encontra insensível à dor. Corresponde ao estado de hipnose profunda. Os sentidos estão completamente adormecidos e a pessoa está totalmente inconsciente. Corresponde a um estado de coma profundo, de sono profundo ou de anestesia geral. 

É a mais baixa de todas as freqüências de ondas cerebrais. Algumas freqüências na faixa Delta liberam o hormônio do crescimento humano( HGH ) que é muito benéfico para a regeneração celular e a cura.

Delta é a onda cerebral para o acesso ao inconsciente, onde a intuição pode aflorar facilmente.Os programas que contém Delta são ideais para o sono, a recuperação física/mental e meditação profunda. A faixa Delta está entre 0.1 - 4 Hz.


TETA: de 5 a 7 CPS - Sono Profundo
Meditação
Intuição/Criatividade/Memória


Aprofundando ainda mais o relaxamento, você entra no misterioso estado Teta, onde a atividade cerebral baixa quase ao ponto do sono. Teta é o estado cerebral onde incríveis capacidades mentais ocorrem. O estado Teta propicia flashes de imagens do inconsciente, creatividade e acesso a memórias a muito tempo esquecidas. Teta leva você a estados profundos de meditação. Você pode sentir a sua mente expandir além dos limites do seu corpo.

As ondas Teta têm um importante papel em programas de modificação de comportamento e têm sido usado no tratamento do vício de drogas e álcool. Teta é também o estado ideal para aprendizagem acelerada, reprogramação mental, lembrança de sonhos, criatividade e aumento da memória.

A faixa das ondas Teta está entre 4 -7 Hz. Em Teta, nós estamos como num "sonho acordado", ficamos receptivos a informações que estão além do nosso estado normal de consciência, ativando estados mentais extrasensoriais.


ALFA: de 8 a 13 CPS - Sono Confortável

Relaxamento
Visualização
Meditação

Quando você está relaxado, sua atividade cerebral baixa do rápido padrão Beta para as ondas Alfa mais lentas. Sua consciência interna expande. Sua energia criativa começa a fluir e a ansiedade desaparece. Você experimenta uma sensação de paz e bem-estar. O treinamento Alfa é muito indicado para tratamento do estresse.

Os programas que contém Alfa são excelentes para a solução serena de problemas, memorização, relaxar e praticar visualização. Escolha os programas Alfa quando você desejar obter níveis profundos de relaxamento.

A faixa de ondas Alfa está entre 7-12 Hz. Em Alfa, nós acessamos mais facilmente nossa capacidade dormente - ela funciona como um portal para estados de consciência mais profundos. Dentro da faixa Alfa, está a Ressonância Schumann
- a freqüência do campo eletromagnético da Terra; essa freqüência tem chamado muita atenção dos cientistas da área de neuroacústica pelos seus imensos benefícios.


BETA: de 13 a 30 CPS – Consciência 
Atenção
Concentração 
Cognição


Você está bem desperto e alerta. Sua mente está concentrada e você está pronto para trabalhos que requerem atenção total. No estado Beta, os neurônios transmitem as informações muito rápido, permitindo a você atingir estados de concentração. O treinamento das ondas Beta é usado por terapeutas de biofeedback para tratar um problema de aprendizagem e concentração chamada de transtorno de déficit de atenção (TDA).

Os programas que induzem ondas Beta ajudam nos estudos, nas práticas esportivas, a preparar uma apresentação em público, ou seja, analisar e organizar informações onde a concentração mental é a chave para um bom desempenho.

A faixa de ondas Beta está entre 13-30 Hz. O estado Beta está associado com concentração, atenção aumentada, melhor acuidade visual e coordenação. Os cientistas tem descoberto que as freqüências Beta 18Hz e 13Hz, Gama 40Hz usadas em muitos dos programas de áudio Holosonic, atuam em funções cognitivas complexas.

 

GAMA: 30 + Hz - Excitação

Estado emocional elevado

Esta é a freqüência da dança, da gargalhada, do sexo, dos esportes físicos, da musculação, da violência e do medo.

* CPS =  Ciclos por segundo

Tranqüilidade <---- 19CPS ----> Excitação

Freqüência ideal : 19 CPS - Boa saúde, Inteligência, Concentração e Relaxamento.

Freqüência de risco : 21 CPS - Estresse e ansiedade, imunidades vulneráveis, perda de concentração e da memória.

Freqüência patológica : 80 CPS - Ataque Epiléptico e Convulsões.

Problemas psicossomáticos são simplesmente causados pela mente (Psique) que interferem no corpo (Soma). Em ALFA podemos separar o "Psique" do "Soma" . Dessa forma a mente encontra as soluções para os problemas físicos. Durante a atividade diária, normalmente as pessoas encontram-se no nível BETA , isto é , emitindo 21 ondas cerebrais por segundo. Se há uma excitação, raiva, contrariedade, apreensão, ou emoção , o nível se eleva para a faixa dos 22 a 25 CPS.

De acordo com o grau de excitação, esses valores poderão subir ainda mais. Quase todos estão de acordo e, dentre eles, a comunidade médica e científica, de que a ansiedade e o estresse são os grandes agressores do homem moderno, que vive nas grandes cidades.

O corpo somatiza o que se passa na mente e aparecem as doenças. Isso acontece porque os mecanismos que controlam as imunidades se enfraquecem, propiciando à ação de bactérias e vírus que circulam no sangue. Quando o sistema imunológico está OK ele se encarrega de propiciar as defesas necessárias das doenças. Os níveis elevados das ondas cerebrais, provocam a perda de concentração e a memória torna-se vulnerável . Com o ciclo excessivamente alto, os pensamentos se substituem com grande rapidez, sem se fixarem, tornando a mente confusa. Uma grande energia é produzida e a mente a dissipa através de reações físicas .

Pessoas mais idosas, retemperam-se cochilando. Estão em ALFA. Isso é muito bom. 

Uma das maneiras de entrar no nível ALFA é através da meditação. Ela reduz as ondas cerebrais e separa a mente do corpo. Quando você chega cansado da rua e senta-se numa poltrona descontraidamente, de olhos fechados e sem nenhuma preocupação, o seu cérebro começa a produzir o ritmo ALFA. A diferença entre sentar descontraído numa poltrona e entrar no ritmo ALFA é que, sentar-se descansa-se o corpo e descontrair-se e fechar os olhos, descansa-se a mente entrando cientificamente nos níveis inferiores. E aí você permanece o tempo que desejar. Sabe que está profundamente relaxado. Ao sair dele sabe que, ao abrir os olhos, terá entrado no estado BETA.

Para minimizar o estresse é bom lembrar de que você caminha nas batidas de seu coração e não no ritmo do tique-taque do seu relógio.














A Visualização Criativa é um método de relaxamento guiado, uma terapia mental, trabalhada na faixa ALFA e tem como resposta a autocura. Ista já está cientificamente comprovado.
 


CONCLUSÃO

Podemos, através do relaxamento, atingirmos as ondas alfa e teta e fazermos a diferença nas nossas vidas. Quando praticamos o relaxamento, o nível da atividade cerebral se torna mais lento, produzindo ondas alfa. Nesse estágio, a pessoa se torna calma, tranqüila, em paz e em harmonia, pois, quanto mais profundo é o relaxamento, mais lenta é a atividade cerebral e mais a consciência se abre. 


Através dessa prática, podemos programar nossos sonhos e através dos sonhos, a consciência nos coloca em contato com mensagens e ensinamentos vindos de nossos antepassados. Ao nos conectarmos com nosso Eu mais profundo, desligamo-nos das solicitações externas e reabastecemo-nos das energias da Consciência Superior, descobrindo, dessa forma, nossos potenciais internos, capacidades nunca antes imaginadas, que se manifestam à medida que avançamos em nossa caminhada interior.
É nesse mundo interno onde somos DEUSES, porque aí, podemos criar a nossa realidade. Basta ter Fé e desejar com a Alma. 


"Sóis Deuses. Podeis fazer o que faço e muito mais"  Mestre Jesus.
    


Fonte: http://favosdeluz.blogspot.com/2011/04/as-frequencias-cerebrais.html

Os Essênios












                                       Caverna de Qumran
...Eles respeitavam a vida acima de tudo, escreveram os mais antigos textos bíblicos e influenciaram o cristianismo...

                                                                                                                                                     Por Rafael Kenski e Duda Teixeira

Em 1923, o húngaro Edmond Szekely obteve permissão para pesquisar os arquivos secretos do Vaticano. Estava à procura de livros que teriam influenciado São Francisco de Assis.

Curioso e encantado, vagou pelos mais de 40 quilômetros de estantes com pergaminhos e papiros milenares. Viu evangelhos nunca publicados e manuscritos originais de muitos santos e apóstolos, condenados a permanecer escondidos para sempre.
De todas essas raridades, uma obra em especial lhe chamou a atenção.
Era o Evangelho Essênio da Paz.

O livro teria sido escrito pelo apóstolo João e narrava passagens desconhecidas da vida de Jesus Cristo, apresentado ali como o principal líder de uma seita judaica até então pouco comentada - os essênios. Szekely não perdeu tempo. Traduziu o texto e o publicou em quatro volumes. Sentindo-se traída pelo pesquisador, a Igreja o excomungou.

Não foi uma punição tão grave.
Considere o que aconteceu com o reverendo inglês Gideon Ouseley:
Em 1880, ele achou um manuscrito chamado O Evangelho dos Doze Santos em um monastério budista na índia. O texto em aramaico - a língua que Jesus falava - teria sido levado para o Oriente por essênios refugiados.
Ouseley ficou eufórico e saiu espalhando que tinha descoberto o verdadeiro Novo Testamento. Afirmava que a Bíblia estava incorreta, pois , Cristo era um essênio que defendia a reencarnação e o vegetarianismo.

Se hoje essa tese soa estranha, dizer isso na Inglaterra vitoriana do século XIX era blasfêmia da pior espécie.
Resultado: os conservadores atearam fogo na casa de Ouseley e o original foi destruído.

O mistério que envolve esses dois textos e o tom místico que os descobridores deram aos seus achados acabaram manchando seu crédito diante dos historiadores. Além do mais, teorias exóticas sobre Jesus é o que não falta. Em 1970, o pesquisador inglês John Allegro, que já havia estudado os essênios, tentou provar que Jesus nunca havia existido e que teria sido uma alucinação coletiva causada pela ingestão de cogumelos.

Por motivos óbvios, essa teoria não foi muito bem aceita pelos seus colegas cientistas. Segundo eles, Allegro entendia mais de cogumelos do que de Cristo. Para os historiadores, os essênios seriam até hoje uma nota de rodapé na História se, em 1947, dois pastores beduínos não tivessem por acidente levado a uma das maiores descobertas arqueológicas do século. Escondidos em cavernas próximas ao Mar Morto, em Israel, 813 manuscritos redigidos pelos essênios entre 225 a.C.

                                              Manuscrito do Mar Morto

E o ano 68 da nossa era guardavam as mais antigas cópias do Antigo Testamento, calendários e textos da Bíblia.

Perto das cavernas, em Qumran, estavam as ruínas de um monastério essênio e um cemitério com cerca de 1200 esqueletos, quase todos masculinos.

O achado deu início a um longo e árduo esforço de tradução dos manuscritos por teólogos e cientistas de várias universidades no mundo. Milhares deles estavam em pedaços minúsculos, menores do que uma unha.

"Hoje, 90% dos textos já foram transcritos", diz o teólogo Geza Vermes, da Universidade de Oxford, que pesquisa os manuscritos. O que já é suficiente para moldar uma imagem mais precisa da história, da doutrina, da crença e dos hábitos essênios, que ficaram séculos a fio esquecidos nas ruínas daquele monastério.

O surgimento da doutrina essênia aconteceu em tempos conturbados. Os judeus viveram sob dominação de diversos povos estrangeiros desde 587 a.C., quando Jerusalém foi devastada pelos babilônios, habitantes da atual região do Iraque.
Por volta do século II a.C., o domínio era exercido pelos selêucidas, um povo grego que habitava a Síria. A cultura helenista proliferava e a tradição hebraica sofria fortes ameaças. Para recuperar o judaísmo, os israelitas acreditavam na vinda do Messias que chegaria ao final dos tempos para exterminar os infiéis e salvar os seguidores da Bíblia. A chegada do Salvador poderia se dar a qualquer instante.

Os mais ortodoxos seguiam tão à risca os preceitos religiosos e buscavam a ascese e a pureza com tal fervor que ficavam chocados com os hábitos mundanos dos gregos e a presença de leprosos, cegos, surdos e cachorros passeando pela cidade e pelos templos. Entre eles estavam os essênios.
Um dia boa parte deles, liderados por um sacerdote, partiu para o Deserto da Judéia (atual Israel) para orar, meditar e estudar as leis sagradas. Longe, bem longe, de tudo o que eles consideravam impuro.
Surgia assim o monastério de Qumran, uma das primeiras comunidades monásticas do Ocidente.

A região escolhida para a construção do monastério é a de menor altitude no planeta : 400 metros abaixo do nível do mar.
As chuvas são raras e o mar é tão salgado que é impossível mergulhar nele, pois a enorme densidade da água mantém o banhista na superfície.

Para prosperar, os bens individuais e as tarefas foram divididos entre toda a comunidade e regras de disciplina e de hierarquia foram instituídas.
A presença de mulheres em Qumran, por exemplo, era proibida. Apenas algumas tinha a missão de procriar.

Transgressões eram duramente punidas. A interpretação das leis e profecias cabia ao mestre da justiça, o mesmo sacerdote que teria guiado os essênios até Qumran. Ele era respeitado e cultuado por todos e logo virou uma entidade mítica.

O guardião, por sua vez, presidia as refeições e decidia as questões a respeito da doutrina, justiça e pureza. Essa figura inspirou a formação da palavra grega "epis copus" (aquele que olha de cima), que foi a origem de "bispo".

É possível conhecer o dia-a-dia dos essênios a partir do legado do historiador judeu Flávio Josefo (37-100). Aos 16 anos Josefo recebeu lições de um mestre essênio, com quem viveu durante três anos.

Os membros da seita acordavam antes do nascer do sol. Permaneciam em silencio e faziam suas preces até o momento em que um mestre dividia as tarefas entre eles de acordo com a aptidão de cada um.
Trabalhavam durante 5 horas em atividades como o cultivo de vegetais ou o estudo das Escrituras. Terminadas as tarefas, banhavam-se em água fria e vestiam túnicas brancas. Comiam uma refeição em absoluto silêncio, só quebrado pelas orações recitadas pelo sacerdote no início e no fim. Retiravam então a túnica branca, considerada sagrada, e retornavam ao trabalho até o pôr-do-sol. Tomavam outro banho e jantavam com a mesma cerimônia.

Os essênios tinham com o solo uma relação de devoção. Josefo conta que um dos rituais comuns deles consistia em cavar um buraco de cerca de 30 centímetros de profundidade em um lugar isolado dentro do qual se enterravam para relaxar e meditar.

Diferentemente dos demais judeus, a comunidade usava um calendário solar de 364 dias, inspirado no egípcio (calendário  lunar).
O primeiro dia do ano e de cada mês caía sempre um uma quarta-feira, porque de acordo com o Gênesis, o Sol e a Lua foram criados no quarto dia. O calendário diferente trouxe vários problemas para os essênios.

Outros judeus poderiam atacar o monastério no shabbath – o dia sagrado reservado ao descanso (sábado), no qual era proibido qualquer esforço, inclusive o de se defender.

A correta observação das regras garantiria a salvação dos essênios quando chegasse o apocalipse, que seria a vitória dos puros “filhos da luz” contra os “filhos das trevas”.

No mundo essênio, aliás, tudo era dividido segundo uma visão maniqueísta que tornava possível até mesmo determinar quantas porções de luz e de escuridão cada um possuía. Um sectário de dedos rechonchudos, coxas grossas e cheias de pêlos teria oito porções na casa das trevas para uma de claridade.
No mesmo manuscrito, um outro membro obteve um placar mais favorável. Por ter olhos negros e brilhantes, voz suave, dentes alinhados, dedos longos e canelas lisas seu espírito foi condecorado com oito partes de luz para uma de trevas. Para os essênios, a beleza do corpo também era sinal de pureza espiritual.

Graças a essa organização toda, Qumran produzia tudo de que precisava. A dieta era vegetariana. Os essênios tinham um enorme respeito pela natureza. Nenhum homem poderia ‘sujar-se’ comendo qualquer criatura viva. A regra permitia uma única exceção. Eles podiam comer peixe, desde que fosse aberto vivo e tivesse seu sangue retirado.

As refeições eram frugais, com legumes, azeitonas, figos, tâmaras e, principalmente, um tipo muito rústico de pão, que quase não levava fermento.

                                              Pão Essênio

Eles possuíam pomares e hortas irrigados pela água da chuva, que era recolhida em enormes cisternas e servia como bebida.

                                        Aquaduto de Qumran

Além dela, as bebidas essênias se resumiam ao suco de frutas' e "vinho novo", um extrato de uva levemente fermentado.

No shabbath, os sectários deveriam passar o dia inteiro em jejum.
Os hábitos alimentares frugais e a vida metódica dos essênios garantiam-lhes uma vida saudável.
Segundo Josefo, muitos deles teriam atingido idade extraordinariamente avançada.

Nas cavernas de Qumran, em Israel, onde beduínos encontraram, em 1947, os mais antigos textos bíblicos de que se tem notícia, a água também era canalizada para os banhos rituais, que eles tomavam duas vezes ao dia para se redimir dos pecados e das impurezas do corpo.

O ritual consistia em relatar todas as faltas e então submergir.
"Essa prática influenciou o batismo e a confissão dos católicos", diz a historiadora Ruth Lespel, da Universidade de São Paulo.

Outro ponto em comum entre os essênios e o catolicismo seria a figura de São João Batista, o profeta que batizou Jesus Cristo. O santo promovia batismos no Rio Jordão numa região próxima a Qumran.

                                         Batistério do Rio Jordão


Sua postura messiânica era muito próxima à dos essênios.
Há quem acredite que, quando foi batizado, Jesus teria visitado o monastério e sido influenciado por sua doutrina.

                                              Caverna 4 - Qumran


Há outras relações entre essênios e cristãos. "Existem passagens dos Manuscritos do Mar Morto, aqueles encontrados em 1947 nas cavernas de Qumran, que soam como as do evangelho cristão", afirma James Vanderkam, da Universidade de Notre Dame, Estados Unidos.

Traços da doutrina dos primeiros seguidores de Jesus - como o elogio de uma vida humilde, a proibição do divórcio e a invocação a Deus como um pai - têm ressonância na fé de Qumran. "É possível que essênios e cristãos tenham entrado em contato", diz o cônego Celso Pedro da Silva, do Mosteiro da Luz, em São Paulo.

Quanto a Jesus Cristo, apesar das descobertas e polêmicas levantadas por Ouseley e Szekely, não há nos manuscritos encontrados nas cavernas do Mar Morto uma única menção a ele. É por isso que o maioria dos pesquisadores duvida da teoria de que Jesus tenha se aproximado dos essênios. "Não existe nenhuma evidência concreta disso", diz o historiador Nachman Falbel, da USP.
Para o exegeta Valmor da Silva, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Jesus pode ter recebido influência das mais diversas correntes do judaísmo, inclusive deles. "Mas não dá para garantir que ele tenha freqüentado uma de suas comunidades".

Afirmar que Jesus se alimentava apenas de vegetais é ainda mais complicado. "Eu duvido muito que Cristo tenha sido vegetariano, pois ele celebrou a páscoa judaica, que envolve alimentos como ovo, patas de cordeiro e frango", diz Vanderkam.

Fernando Travi, líder da pequena igreja essênia do Brasil, tem um ponto de vista oposto ao de Vanderkam. "Cristo pregava o amor a todos os seres vivos e não matava animais para aliviar a sua fome", afirma. Assim como ele, os seguidores de Szekely e Ouseley duvidam da veracidade das passagens do Novo Testamento em que Jesus se alimenta de carne. Eles acreditam que essas histórias não passam de invenções criadas pelo apóstolo Paulo, já na segunda metade do século I.

A doutrina do vegetarianismo não seria bem recebida pelos judeus, acostumados a fazer sacrifícios e a comer carne, e Paulo teria modificado os evangelhos para tornar o cristianismo mais popular. Um exemplo dessas alterações estaria na passagem do Novo Testamento em que Jesus multiplica pães e peixes para alimentar uma multidão. O Evangelho dos Doze Santos, encontrado por Ouseley traz uma outra versão desse milagre, na qual os peixes são substituídos por uvas.

                                         Ruínas de Qumran

No ano de 68 o monastério de Qumran foi aniquilado numa devastadora investida do exército romano que arrasou a Judéia e destruiu Jerusalém. O ataque era dirigido principalmente aos judeus zelotes, que se insurgiram contra o domínio romano. Qumran, que não era nenhuma fortaleza, foi presa fácil para as legiões do César. Mas nem todos os essênios morreram aí.

Alguns fugiram para Massada onde, aí sim, no ano de 73, descobriram o que é um final trágico. O esconderijo, uma fortaleza zelote ao sul de Qumran, localizada no alto de uma colina, parecia impenetrável.

Mas 15000 romanos fizeram um cerco que durou dois anos e metodicamente construíram uma rampa de terra e areia para alcançar o topo da fortaleza.
Quando os soldados finalmente invadiram Massada tiveram uma surpresa: todos os 1000 “rebeldes” estavam mortos.
Em um sorteio, os zelotes haviam escolhido um grupo entre eles para assassinar todos os habitantes da fortaleza e, em seguida, cometer suicídio.
Eles preferiram morrer entre os judeus a se tomar escravos dos romanos.

Sobraram para contar a história apenas duas mulheres e cinco crianças, que haviam se escondido nos reservatórios de água. O episódio foi relatado por Josefo e provou ser verdadeiro em 1965, quando arqueólogos pesquisaram a região. Eles acharam as marcas dos oito acampamentos romanos e pedaços de cerâmica com inscrições dos nomes dos zelotes, utilizados no dramático sorteio.

Filosofia enterrada na areia. Um pouco antes de um ataque romano destruir o monastério de Qumran, os essênios esconderam seus manuscritos em potes de cerâmica e os enterraram em cavernas.

Segundo Josefo, os essênios existiam em grande número e em diversas cidades da Judéia. Mas, algumas variações da seita podem ter ocupado regiões ainda mais distantes.
Uma comunidade egípcia do século 1, os terapeutas, possuía um modo de vida semelhante ao da seita de Qumran e a mesma divisão entre luz e trevas.

Também é possível que ebionitas e nazarenos, duas das primeiras seitas cristãs, sejam descendentes dos essênios. Há quem acredite que os nazarenos formaram uma grande comunidade em Monte Carmel, no norte da Israel atual, que seguia os ensinamentos de Qumran, mas, com algumas diferenças. As regras seriam muito próximas daquelas encontradas nos escritos de Szekely e Ouseley.

Ao contrário de Qumran, eles não praticavam o celibato e até mesmo formavam famílias. Fanáticos pelo princípio de amar todos os seres vivos, eram muito mais rigorosos em relação ao vegetarianismo: não comiam peixes nem matavam os vegetais para comer (comiam folhas de alface, por exemplo, sem arrancar o pé. Para os essênios, as refeições devem ser uma Comunhão com Deus.

“Eles viviam em tendas, que mudavam de lugar freqüentemente, pois, construções permanentes matariam a relva”, afirma Fernando Travi.

Ele acredita que Jesus, apesar de ter passado por Qumran, viveu muito mais tempo em Monte Carmel. A região em que teria existido essa comunidade está próxima ao local em que Jesus nasceu e realizou muitos de seus milagres. 

                                    Monte Carmel - Israel

Afirma também que Cristo não era conhecido como “Jesus de Nazaré”, mas sim como “Jesus, o Nazareno”.

Algumas dessas comunidades essênias existem, de certa forma, até hoje. Flavio Josefo, foi um historiador judeu do século I, maior referência sobre os essênios até a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto.


A Filosofia Essênia:

Szekely pesquisou o pensamento dos essênios durante toda a vida. Uma de suas principais obras é a tradução de um manuscrito encontrado em 1785 pelo historiador francês Constantine Volney em viagens pelo Egito e pela Síria. É um diálogo entre Josefo e o mestre essênio Banus a respeito das leis da natureza. Eis alguns trechos:

Bem - Tudo aquilo que preserva ou produz coisas para o mundo, como "o cultivo dos campos, a fecundidade de uma mulher e a sabedoria de um professor".
Mal - O que causa a morte, como a matança de animais. Por esse motivo, o sacrifício de bichos, mesmo que para a alimentação, é condenável.
Justiça - O homem deve ser justo porque na lei da natureza as penalidades são proporcionais às infrações.
Deve ser pacífico, tolerante e caridoso com todos, "para ensinar aos homens como se tornarem melhores e mais felizes".
Temperança - Sobriedade e moderação das paixões são virtudes, pois os vícios trazem muitos prejuízos à saúde.
Coragem - Ela é essencial para "rejeitar a opressão, defender a vida e a liberdade".
Higiene - Uma outra virtude essencial dos essênios é a limpeza, "para renovar o ar, refrescar o sangue e abrir a mente à alegria".
Perdão - No caso de as leis não serem cumpridas, a penitência é simples. Banus afirma que, para se obter perdão, deve-se "fazer um bem proporcional ao mal causado".


Na região sul do Iraque e do Irã, cerca de 38000 pessoas, os mandeans, mantêm uma tradição muito semelhante à doutrina essênia. Eles afirmam ser seguidores de João Batista e praticam o batismo. Sua origem, no entanto, ainda não é de todo compreendida.

No Ocidente, o essenismo surgiu com a divulgação dos escritos de Szekely e Ouseley.
Na sua época, Szekely quase abandonou seus planos de difundir a doutrina quando a tradução rigorosa e detalhada que fez do segundo volume do Evangelho Essênio da Paz não contou com a aprovação de um amigo seu, o escritor Aldous Huxley, autor de Admirável Mundo Novo.

"Isto está muito, muito ruim", disse-lhe Huxley, "é até pior do que o mais chato dos tratados enfadonhos dos escolásticos, que ninguém lê hoje em dia". Szekely ficou sem fala. Huxley continuou: "Faça-a literária, legível e atraente para os leitores do século XX. Tenho certeza de que os essênios não falavam uns com os outros em notas de pé de página". A critica abalou Szekely e ele pôs de lado o trabalho durante muito tempo.

Mas, anos mais tarde, seguiu o conselho do amigo e reescreveu o manuscrito inteiro em linguagem contemporânea, mais coloquial. Foi um sucesso. O livro, publicado em 1928, já foi traduzido para dezenas de línguas e vendeu milhões de exemplares em todo o mundo.

Com o respaldo editorial, Szekely construiu em 1940 um spa no México onde praticava tratamentos com base nas práticas essênias. Cerca de 350.000 pessoas já se hospedaram no chamado Rancho La Puerta nos seus sessenta anos de existência.
Até hoje, muitas pessoas vão ao lugar em busca de um estilo de vida baseado nos ensinamentos de Szekely, que inclui exercícios, meditação e, principalmente, dieta vegetariana.

A alimentação possui um papel central na doutrina encontrada nos evangelhos de Szekely e Ouseley. Ao afirmarem que Jesus era frugívero, ou seja, que ingeria apenas alimentos que não significavam a morte de nenhum ser vivo, como folhas e frutos, eles pregam que as refeições devem ser um momento de compaixão e comunhão com Deus.

O contato com a natureza é essencial. Tanto que os novos essênios possuem uma planta em todos os cômodos da casa.
Os essênios permanecem como um assunto vivo. Os pergaminhos e evangelhos que eles deixaram são exaustivamente estudados por cientistas e religiosos do mundo inteiro. Seus ensinamentos recrutam milhares de fiéis e, qualquer que seja a relação que mantiveram com Cristo, deixaram, sem dúvida, sua influência impressa no coração e na mente do cristianismo.

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